quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Meu Gordinho,

Que susto você nos deu noite passada! Sabe, eu sei que a idade vai chegando, aumentando, aumentando e pesando na vida da gente. Mas o Senhor ainda é novo, ainda temos que comemorar seu aniversário de 74 anos em dezembro, o de 75, 76, 77, 78...e quem sabe até lá descobrimos o elixir da vida eterna, por que não? E não me venha com essa história de que comemorar aniversário é ruim porque ficamos cada vez mais perto da morte, comemorar aniversário é bom, muito bom, porque significa que passamos mais tempo com todas aquelas pessoas que amamos!

Não vou dizer toda aquela balela de que você não nos ouve, de que não se cuida direitinho, afinal, de nada adiantará e o acontecido já é suficiente, acredito eu. Além disso, depois desse susto acho que podemos melhorar essas questões e o nosso diálogo, não é mesmo? Morar na cidade e passar os finais de semana na fazenda seria uma boa ideia para início de conversa, e a dieta agora vai ter que seguir bem certinho, ainda bem que temos uma nutricionista vigiando aí né?! E ela sabe que é permitido puxões de orelha!

E tem mais meu Gordinho, o que adiantará eu me formar uma médica (quem sabe geriatra) se não tiver um dos meus velhinhos preferidos, que mais amo, para eu poder cuidar? Pode esperar aí, porque ainda temos muito para vivermos juntos, como sempre foi! O Senhor sabe que é como um pai para todos os seus netos - Felipe, eu e Artur que moramos em Goianésia e praticamente na fazenda com vocês que o diga! Você que sempre esteve ao nosso lado Gordinho, em todos os bons momentos e em todas as dificuldades, como atualmente...só Deus é capaz de saber tamanha minha gratidão pelos seus cuidados comigo aqui em BH, junto de meus pais me proporcionando o melhor para que eu consiga ter uma boa graduação e receber com louvor meu diploma. Se eu estou estudando, em grande parte, é pelo seu apoio, não só financeiro, mas também moral, como um dos meus maiores incentivadores. Assim sendo, não pode ficar faltando nossa foto no meu álbum de formatura, sentirei-me injustiçada se só o Felipe tiver uma dessa!

Sei que daqui de BH não posso fazer nada além de orar pela sua saúde e recuperação. Contudo, saiba que meu coração só agora está se reconstituindo do susto dessa noite e mesmo assim a cada pedacinho reconstituído um outro se despedaça por não poder estar ao seu lado e de toda a família nesse momento. De qualquer forma, também aprendi com o Senhor a ser forte e sempre seguir em frente, portanto, continue com toda essa força e determinação que sempre teve durante toda sua vida que logo, logo, estará confortável em casa. E no feriado de 7 de setembro quero poder chegar aí e te encontrar bem forte, fofinho e quentinho para poder te abraçar com toda a minha força, te implicar como sempre, te fazer rir com todas as minhas palhaçadas (vou até pensar em um novo repertório!), fazer cosquinhas, te chamar de meu gordinho, mexer com seu ralo cabelo branco, puxar suas orelhas e todos aqueles carinhos (muitos diriam: "de mula") a que estamos acostumados a fazer um ao outro.

Nesses momentos a distância parece ser maior do que é, entretanto, nem por isso me deixarei abater, afinal, sei que meu Gordinho está em ótimas mãos, com os melhores médicos, com o melhor aparato hospitalar disponível, com toda a família de olho e com Deus mais do que nunca cuidando de todos nós. Devemos acreditar que nada acontece em vão, que Deus faz tudo como deve ser, que só Ele sabe o que é melhor para nós e só pelos Seus caminhos poderemos ser felizes, então, vamos acreditar que Ele só queria nos passar um sustinho bobo para prestarmos mais atenção em como conduzimos nossas vidas. Talvez até para me ensinar a dizer mais vezes o quanto amo minha família e o quanto gostaria de poder estar sempre ao lado de vocês. Sei que muitas vezes sou uma neta desnaturada, que fica dias sem ligar, o que mostra o contrário dentro de mim, porque não esqueço um único dia dos meus dois gordinhos, não deixo passar um dia sem orar por vocês, não fico um dia sem sentir a falta de vocês aqui. Posso dizer que a saudade é a minha maior companheira enquanto estou longe de vocês. Agora, acho que só tenho a agradecer a Deus por ter permitido que meu Gordinho continue ao meu lado, por permitir que eu tenha nascido em uma família tão linda e unida como a nossa - esqueçam todas aquelas brincadeiras de que eu não pedi para nascer e de que não tive a chance de escolher em qual berço nascer, são só minhas palhaçadas com vocês, não haveria lugar melhor para eu poder nascer, sou muito feliz por estar ao lado de todos vocês. É impossível descrever o quanto os amo, o quanto amo você meu Gordinho e o quanto gostaria de estar ao seu lado segurando suas mãos ou, ao menos, ao lado de toda a família amparando-a. E, ainda bem que nos falamos no dia dos pais e eu pude dizer que o amo!

Por fim, acalma esse coração e avise-o que o trabalho dele não pode parar, que ele ainda tem muita sístole e diástole para fazer, muito sangue (agora, sem excesso de gordura, diga-se de passagem) para passar por ele, muito tum-tum-tum para eu poder ouvir com meu estetoscópio durante as férias, treinando minhas habilidades médicas, muita pressão arterial para eu treinar a aferição, muitas palhaçadas e aprendizados para fazermos juntos e muitas visitas prometidas sua para me fazer aqui em BH.

A minha intenção não era prolongar essa carta, porém é difícil não prolongar uma resposta de carinho, afeto, atenção e amor vividos ao longo de 19 anos unidos. Hoje passei um tempão olhando nossa foto tirada no Rio Araguaia quando eu tinha apenas 6 meses de vida, que vontade de poder cantar novamente o "ã, ã, ã" para você, de "fazer bixinho", de tentar aprender a jogar baralho, às vezes crescer nem é tão bom...(e depois dessa quero que o senhor prometa que não vai deixar o resto da família fazer bullying comigo, curtindo com a minha cara quando eu chegar aí, me mandando cantar e etc e tal! Pensando bem, isso vai ser inevitável! Risos!).

O mais importante é que você está lendo essa carta e compreendendo tudo o que quero dizer, que se resume em poucas palavras: AMO VOCÊ INCONDICIONALMENTE! Como também amo cada momento que passamos e iremos passar juntos!

Beijos,
De sua neta Letícia Vieira da Cunha.

OBS.: Essa carta foi escrita nessa tarde do dia 15 de agosto de 2012, um dia após meu avô paterno sofrer um infarto agudo do miocárdio. Ele ainda está internado na UTI do Hospital do Coração Anis Rassi, mas é uma fortaleza e está se recuperando muito bem e logo estará em casa novamente! Só estou compartilhando porque senti a necessidade de dizer publicamente o quanto o amo e também para que outras pessoas se espelhem nessa história e não percam tempo com brigas e desavenças, porque o amor que sentimos pela nossa família nunca morre, só se desenvolve, cresce, aumenta, e, lamentavelmente, quase nunca dizemos isso a eles. De qualquer forma, continuo orando não só pela saúde da minha família, mas também pelo amor...

domingo, 5 de agosto de 2012

Amém!

Antes de tudo, cuidado com sua interpretação. Essa postagem não tem a intenção de agredir ninguém, só esclarecer ou garantir um pouco de reflexão nesse mundo de ideias deturpadas, bem como não escrevi de má fé, muito pelo contrário. De antemão já peço desculpas caso alguém se sinta prejudicado, realmente não é a intenção. E estou ciente de toda a minha sinceridade (talvez ingênua, nesse caso). Caso queira esclarecer algo, existem as opções de enviar-me um e-mail ou comentar aqui no blog mesmo, pois sei que esse tema é muito delicado. (Sim, estou com receio de possíveis consequências, no entanto, preciso desabafar).
As redes sociais têm seu lado positivo e negativo, como tudo na vida. Entretanto, ultimamente, tenho visto postagens muito desagradáveis, não somente religiosas, mas em todos os sentidos, estilos e temas. E, cá para nós, essas redes sociais me cansam cada vez mais, já prevejo o dia em que continuarei só com o blog e o Messenger (já em desuso) – e olhe lá!
No momento pretendo falar das religiosas. Muitos podem achar que é por eu ser católica, mas essa não é a questão que irei discutir, até mesmo porque, isso, teoricamente, não se discute - determinação cultural, moral e ética, felizmente. Ou melhor, tentarei ser o mais imparcial possível, o que é difícil diante dos fatos, porém, tentarei ao máximo. De qualquer forma, o que entra em pauta é: respeito.
Há alguns dias, postaram no Facebook uma imagem com um texto – como de praxe – sobre um paciente que vai ao médico e o mesmo não está, a partir de então, comparam o médico a Deus, a mãe do médico à Maria e a secretária aos Santos. De forma que a mãe e a secretária não resolvem os problemas do paciente, só o médico, fazendo-se desnecessárias. Sinceramente, essa comparação é infeliz!
O que mais me intriga não é nem a comparação realizada e sim a falta de respeito para com as outras religiões. No meu caso, as duas pessoas do meu vínculo de amizades que postaram são ambas evangélicas. Devo levar em consideração que os evangélicos são aqueles que já foram – alguns ainda são – perseguidos, assassinados, discriminados e criticados por serem evangélicos, de maneira que sempre cobraram respeito, aceitação e educação por parte dos outros – obviamente uma cobrança justa perante a sociedade. Sendo assim, como podem atacar outras religiões? Será que sua própria história não contribuiu para sua aprendizagem? (Quero deixar claro que faço essas perguntas a casos isolados, pois como sempre, toda regra tem sua exceção e, inclusive, a maioria dos meus (melhores) amigos e alguns familiares são evangélicos, sendo que eu já frequentei festas comemorativas, cultos, encontros e shows evangélicos sem maiores problemas, pelo contrário, sempre fui muito bem recebida e aceita).
Minha concepção de vida é: eu acredito, de mim para mim, ou, de mim para com Ele. Não sinto a necessidade de ficar afirmando a todo o momento (uma vez ou outra escapa, faço uma citação, mas nada em excesso - diária e constantemente), muito menos de atacar outras religiões, porque assim como eu optei por ser católica outras pessoas optaram por ser evangélicas, espíritas, judias, budistas e tantas outras formas de crer e manter a sua fé ou simplesmente não acreditar. Dessa forma, eu nada tenho a ver com isso, cada um faz sua escolha a partir do que lhe é necessário, do que lhe ajuda a ser saudável, a ter paz interior ou ser uma pessoa melhor, e, acima de tudo, eu respeito a escolha de cada um. Todos têm o livre arbítrio de acreditar no que bem entende ser a melhor opção – ou não acreditar em nada. Resumindo, cada um acredita no que quiser e mais ninguém deve se importar com isso, obviamente desde que essa crença não interfira no bem estar de outras pessoas ou meio ambiente. (Meu lado pessoal, parcial, crítico, analítico e irônico quer que eu escreva: Qual é o problema se eu acredito em Maria e nos Santos? Se alguns estiverem certos, quem vai para o inferno será eu, não? Desculpa se agredi alguém, não é a intenção).
Lógico que muitas pessoas enxergam no Facebook uma maneira de se autopromover ou deixarem bem claro suas concepções de vida. Não critico quem não acredita nas intervenções de Maria ou dos Santos, quem não acredita tem seus porquês e seu direito em não acreditar, porém, critico o modo como o fazem, como querem esclarecer isso. Ao fazerem a comparação com uma consulta médica não levaram em consideração que existem pessoas que acreditam e que poderiam se magoar com a publicação, esqueceram-se do respeito a crenças diferentes da sua e de que o fato de eles não acreditarem não os tornam melhores ou piores do que os outros, afinal, nenhum ser humano é dono da verdade – e enquanto na condição de humanos somos todos susceptíveis aos erros - e cada um tem sua própria interpretação da Bíblia – ao menos é o que se espera. Ah, só mais uma coisa, e se a mãe do médico também for uma médica? E se a secretária te indicar para outro médico que resolve seu problema? São boas intervenções, não? Risos.
Outra postagem que tem se propagado nas redes sociais, nesse caso, principalmente por ateus e agnósticos, é a imagem do Papa sentado ao trono, na qual o pessoal manda-o vender o trono de ouro para alimentar os pobres. À primeira vista é mais do que justo, não é mesmo? Confesso que no primeiro segundo até eu concordei com a ideia. Porém, vamos pensar um pouco mais...
OK. O Papa desmancha seu trono, vende o ouro e alimenta os necessitados. Pronto, o ouro acabou e novamente a Igreja precisará do dinheiro dos fieis para continuar alimentando os pobres – que lamentavelmente são muitos e a tendência é aumentarem. Agora, olhando pelo lado histórico, o trono é (mais um) patrimônio da Igreja, portanto, muita burocracia e história o envolvem, tornando difícil seu desfeito. Além disso, de acordo com o Tratado de Latrão o trono é intocável neste sentido.
Como uma pessoa de capacidade crítica e analítica possuo muitas críticas à Igreja Católica Apostólica Romana, tanto positivas quanto negativas, mas, acima de tudo, entendo que a Igreja é constituída por seres humanos, tão susceptíveis ao erro quanto eu, uma mera mortal. Historicamente a Igreja Católica já errou muito, alguns erros, inclusive, já foram reconhecidos e pedidos de desculpas feitos. Confesso que não sigo todos os mandamentos da Igreja Católica, por simplesmente não concordar, e tenho meus motivos e justificativas, entretanto, isso não exclui ou diminui minha fé, que ao contrário se fortalece a cada dia, a cada oração, a cada leitura diária da Bíblia. E, muitos trabalhos da Igreja Católica ganham minha admiração, atenção e participação.
Outra questão é: o que cada um de nós fazemos para ajudar os que não conseguem se manter sozinhos? Doar uma cesta básica a cada Natal é suficiente? Entregar umas moedinhas no sinal já está de bom tamanho? Por acaso já visitou alguém em alguma comunidade ou algum país carente para entender a realidade em que vivem? Já distribuiu o amor, a atenção e a compreensão a essas pessoas? Já as ouviu, sabe do que elas mais precisam? Realmente, é muito fácil apontar os erros, os defeitos dos outros não é? Como também é muito fácil sentar em uma cadeira e passar o tempo nas redes sociais atacando-os. Por que não usar este tempo para fazer o bem ao próximo?
E outra, qual a finalidade de sair divulgando trabalhos voluntários? O mundo é tão hipócrita que a quantidade de pessoas que fazem trabalhos voluntários e saem por aí publicando fotos e textos bonitos só em busca do reconhecimento de que faz algo uma vez ao ano para contribuir com a humanidade, só querem mostrar aos amigos: “olha, eu participei” ou garantir uns pontinhos a mais em uma análise de curriculum, mas e então, o que aprendeu com tudo isso? Por acaso não agregou humildade e simplicidade às suas características? Por que não propaga seu aprendizado? Como eu imagino, deve ser muito fácil e cômodo ser bom ao próximo uma vez ao ano e ser aclamado pela plateia.
O trono papal alimentaria sim muita gente, mas mais do que o trono papal, a união e a boa vontade da humanidade alimentaria muito mais. É uma pena que o ser humano seja absurdamente hipócrita, egoísta, egocentrista, ambicioso, avarento e todos esses adjetivos que dão repulsas. E, pobre de mim, ser tão idealista e ter um senso de justiça e analítico tão aguçado quanto...