domingo, 10 de junho de 2012

Só lembranças

Consequência de uma pausa...
Em pleno sábado a noite de feriado resolvi assistir um filme antes de dormir. Escolhi o filme aleatoriamente, quer dizer, escolhi pelo título e nada mais, sem ler sinopse nem gênero. Quando vi que o Robert Pattison era o ator principal, já fui imaginando que não seria um filme dos melhores. Engano meu. Comecei a assistir sem expectativas e terminei o filme admirando a capacidade de atuação do Robert Pattison, muito além do que já tinha visto nos filmes da saga Crepúsculo, que por sinal, não gostei muito.
Através do filme "Lembranças", dirigido por Allen Coulter, percebi que pequenas atitudes cotidianas, como expressar um sentimento, são fundamentais. Além disso, ficou mais claro ainda para mim, que durante nossa vida e até mesmo depois de morrermos, somos feitos apenas de lembranças. Afinal, todas as nossas atitudes vêm de experiências vividas desde a infância - também há quem diga que vêm desde vidas passadas, mas isso não vem ao caso no momento - e ao morrermos é somente isso que deixamos. Tive mais certeza ainda de que o dinheiro não é tudo, ele até pode nos proporcionar momentos felizes e dignos, mas, repito, não é tudo. O dinheiro não é capaz de amar alguém, ele é objeto, óbvio que todos precisamos de muitos objetos, mas precisamos muito mais de amor. Quem não é amado, ou, melhor, não se sente amado, pode ter todo o dinheiro do mundo que não será feliz. E aí entra outra questão...qual a melhor forma de demonstrar que amamos alguém?
Passei a maior parte do filme indignada com a postura do pai do Tyler (Robert), e no final, percebi que ele não era totalmente um monstro. Lembrei-me que muitos monstros só são monstros por causa de seus sentimentos a flor da pele, conflituosos e pela incapacidade de demonstrá-los de maneira civilizada. Apesar de tudo, monstros não passam de seres humanos em conflito consigo mesmo. Um pecado da maioria dos filmes - que é questão de lógica e eu entendo - é mostrar apenas o ponto de vista da personagem principal. Nesse caso, por exemplo, vemos os personagens do ponto de vista do Tyler, portanto, somos facilmente influenciados, no final, percebemos junto dele que nem todos são como imaginamos, que é muito difícil demonstrarmos nossos sentimentos da "maneira correta" - se é que existe maneira correta para isso -, que julgamos demais as pessoas sem saber o que se passa com elas, quais são seus conflitos internos, seus sentimentos ou o porquê de tais atitudes, como dizem por aí, sempre achamos que "a grama do vizinho é mais verde", mas será? Todos temos sentimentos, todos temos medos, anseios, desejos, angústias, dúvidas e cada um tem seu jeito de expressar tudo isso.

Outro fato curioso, é a capacidade do ser humano para postergar momentos que podem ser vividos no presente. Já se perguntou porque demorou para dizer a alguém que o (a) amava? Seria medo? Pois é, por que temos tanto receio em dizer a alguém algo tão sublime? Por que temer as reações da pessoa diante de algo bom, visto que todos queremos e gostamos de ser amados? Imagino que seja porque dentro de nós temos marcas de momentos passados, talvez um dia ao nos declararmos alguém desdenhou ou ignorou, mesmo que não tenha sido por maldade, afinal, quem nunca teve um "amor de infância"? E qual a criança que desdenharia por pura maldade? Ou até mesmo nossos pais, em um dia corrido, que ignoraram tal declaração ou postergaram a reação que esperávamos. Essas são lembranças arquivadas dentro de nós, são marcas deixadas por nossas experiências ao longo do tempo, e como cada um tem as suas marcas, cada um tem a própria reação em relação aos acontecimentos, tem uma maneira de aceitar ou não, de reagir. E, o pior de tudo, é quando só nos damos conta do quanto foi uma má ideia postergar depois que uma tragédia ocorre. Por que esperamos que uma tragédia ocorra para aprendermos a amar, a nos expressar? Por que é preciso que alguém morra para percebemos que agimos de maneira errada? Por que somente através do sofrimento nos damos conta de que estávamos indo pelo pior dos caminhos? Talvez seja porque a tragédia nos acorda para a vida, e num piscar de olhos revivemos as lembranças arquivadas e também nos transformamos.
Diante de tais fatos, imaginem se eu não me acabei em lágrimas no final do filme?!! Sem sombra de dúvidas! Chorei até não poder mais, tanto pelos ensinamentos que nos levam a pensar em nossas vidas e atitudes, quanto pelo final totalmente inesperado, surpreendente e simultaneamente trágico e lindo. Nunca imaginei que um drama romântico pudesse me fazer tão bem humana e espiritualmente. Percebi que ainda tenho muito a aprender, que na teoria é tudo muito fácil, o difícil acontece na prática. Vocês acham que tudo o que eu disse acima eu pratico? Pelo contrário, a minha dificuldade em demonstrar sentimentos é tamanha que tenho até vergonha de comentar sobre isso. Chegou a hora de rever conceitos e ainda bem que sempre é tempo de mudanças...


2 comentários:

  1. Olá, Letícia.

    Você tocou num ponto muito complicado, chamado "ser humano". A lógica, ao menos a racional (se é que existe outra), nem sempre se aplica a este ser, e quando particularizamos a demonstração de afeto e sentimentos, piorou.

    Os motivos para que alguém se guarde são os mais variados, vindos desde traumas de infância e passando pelo egoísmo, pela vergonha, timidez e, enfim, diversos fatores que tangem a forma de comportamento.

    Um dos principais e mais importantes meios de se consertar isso, é fazer justamente o que você fez, ou seja, admitir o problema. Você não consegue demostrar sentimentos? Então, mãos a obra e vamos melhorar isso. Já é um começo. Mas, existem aqueles que não admitem o problema, e diante disso, esqueça melhoras.

    Excelente postagem, Letícia. Adorei.

    Bjs, e ótima semana pra ti.

    Marcio

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  2. Vim te deixar um beijo... continuo te lendo...

    Boa semana.
    Felicidades!

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Então, o quê você me diz?