sexta-feira, 22 de junho de 2012

Onde andará o meu doutor?

Hoje, irei apenas compartilhar uma poesia encontrada em uma página de relacionamento que me deixou estarrecida, principalmente por corresponder a nossa lamentável realidade...
Sinceramente, estamos vivendo em um mundo de doentes!

Onde andará o meu doutor?
Tatiana Bruscky

Hoje acordei sentindo uma dorzinha,
aquela dor sem explicação, e uma palpitação,
resolvi procurar um doutor,
fui divagando pelo caminho...
lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco
e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...
o Meu Doutor que curava a minha dor,
não apenas a do meu corpo mas a da minha alma,
que me transmitia paz e calma!

Chegando à recepção do consultório,
fui atendida com uma pergunta:
“Qual o seu plano? “
Ah, o meu plano é viver mais e feliz!
é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio
e preencher esse vazio que sinto agora!
Mas a resposta teria que ser outra...o meu plano de saúde!

Apresentei o documento do dito cujo
já meio suado, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...
Quando fui chamada corri apressada,
ia ser atendida pelo Doutor,
aquele que cura qualquer tipo de dor,
entrei e o olhei, me surpreendi,
rosto trancado, triste e cansado...
será que ele estava adoentado?
é, quem sabe, talvez gripado
não tinha um semblante alegre,
provavelmente devido à febre...
dei um sorriso meio de lado e um bom dia...
Sobre a mesa, à sua frente,
um computador,
e no seu semblante a sua dor,
o que fizeram com o Doutor?

Quando ouvi a sua voz de repente:
O que a senhora sente?
Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...
parecia mais doente do que eu, a paciente...
Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação
e esperei a sua reação,
vai me examinar, escutar a minha voz
auscultar o meu coração...
para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
“peça autorização desses exames para conseguir a realização”...
quando li quase morri...

Tomografia computatorizada, ressonância magnética e cintilografia !

ai, meu Deus! que agonia!
eu só conhecia uma tal de abreugrafia...
só sabia o que era ressonar (dormir),
de magnético eu conhecia um olhar...
e cintilar só o das estrelas!
estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?
iria morrer assim ao léu?
naquele instante timidamente pensei em falar:
terá o senhor uma amostra grátis
de calor humano para aquecer esse meu frio?
que fazer com essa sensação de vazio? e observe, Doutor,
o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que
A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.
Olhe para mim...
bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!
médico não é sacerdote...
tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
mas, por favor, me olhe, ouça a minha história!
preciso que o senhor me escute, ausculte
e examine!

Estou sentindo falta de dizer até aquele 33!
não me abandone assim de uma vez!
procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!
alimente a minha mente e o meu coração...
me dê, ao menos, uma explicação!
O senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim!
gosto de pisar na areia e seguir em frente
deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,
estarei errada?
ou estarei com o verme do amarelão?
existirá umas gotinhas de solução?

Será que já existe vacina contra o tédio?
ou não terá remédio?
que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!
cadê o Sccot, aquele da Emulsão?
que tinha um gosto horrível mas me deixava forte
que nem um Sansão!
e o Elixir? Paregórico e categórico,
e o chazinho de cidreira,
que me deixava a sorrir sem tonteiras?
será que pensei asneiras?
Ah! meu querido e adoentado Doutor!
sinto saudades
dos seus ouvidos para me escutar,
das suas mãos para me examinar,
do seu olhar compreensivo e amigo...
do seu pensar...
o seu sorriso que aliviava a minha dor...
que me dava forças para lutar contra a doença...
e que estimulava a minha saúde e a minha crença...
sairei daqui para um ataúde?
preciso viver e ter saúde!
por favor, me ajude!

Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim,
caso contrário chegaremos ao fim...
porque da consulta só restou uma requisição
digitada em um computador
e o olhar vago e cansado do Doutor!
precisamos urgente dos nossos médicos amigos,
a medicina agoniza...
ouço até os seus gemidos...

Por favor, tragam de volta o meu Doutor!
estamos todos doentes e sentindo dor...
e peço, para o ser humano, uma receita de calor,
e para o exercício da medicina uma prescrição de amor!

Por fim, recomendo que assistam ao filme Patch Adams - O amor é contagioso. Muitos já devem ter visto, mas é sempre bom rever para refletirmos um pouco mais sobre nossas ações em prol do bem estar do lugar onde vivemos, das pessoas com as quais convivemos ou não e para a construção do mundo que queremos. Também recomendo que assistam à entrevista do "verdadeiro" Patch ao programa Roda Viva da TV Cultura, a qual está disponível no You Tube.

2 comentários:

  1. Olá, Letícia.

    Você é nova e não pegou o tempo dos "doutores" que são citados na poesia acima. Dr. Orlando Grecca foi o clínico geral e parteiro que me trouxe ao mundo e o primeiro que me deu uns tapas na bunda. Esse Homem (assim mesmo, com H maiúsculo), era muito mais do que um médico. Ele tratou de meu avô materno, de minha mãe e todos os 11 irmãos dela, e de uns 50 primos, mais velhos que eu.

    Ele já não se aguentava mais nas pernas quando parou de clinicar, e mesmo assim, precisaram afastá-lo, pois um enfarto o acometeu e, logo depois, ele se foi.

    Ele não esperava seus pacientes irem ao consultório. Pelo contrário. Ele fazia visitas surpresa na casa das pessoas. Era mais do que médico, era amigo, e por vezes, sequer cobrava algo.

    Num tempo em que a medicina ainda não tinha todos esses avanços tecnológicos, ele fazia do calor humano a sua maior arma. E você, com sua postagem, me lembrou desse homem, que cuidou tanto de minha família. Que Deus o tenha num lindo lugar.

    E quanto ao filme do Patch Adams, já assisti umas 5 vezes, mas é aquele filme que assisto mais 5 e não me canso. Vou aproveitar e ver a entrevista do verdadeiro. Valeu a dica.

    Bjs, Letícia. Chegando as férias e primeiro semestre vencido. Como é a sensação de já ter cumprido a primeira parte de um sonho? Isso dá crônica, hein?

    Um lindo fim de semana pra ti, mocinha.

    Marcio.

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    1. É realmente como você disse, eu fico conhecendo apenas pelas literaturas, histórias contadas e poucos exemplos do momento presente, infelizmente!

      Ah, pois me aguarde, assim que entrar de férias e repensar tudo o que aconteceu ao longo do semestre postarei algumas por aqui!

      Com certeza, meu final de semana está sendo lindo, de corpo e alma aos estudos para a reta final! hahahaha

      Beijos.

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Então, o quê você me diz?