domingo, 24 de junho de 2012

Novos horizontes

Em praticamente um semestre fiz tantas descobertas que seria incapaz de transcrevê-las em poucas linhas. Descobri mais sobre o mundo e, principalmente, sobre mim. Percebi que nada acontece do dia para a noite, que cada decisão deve ser feita com todo o cuidado necessário e que muitos acontecimentos têm motivos para assim o serem, por mais que nos faça sofrer ou que acreditamos serem meras coincidências ou, ainda, que imaginemos ser ações do destino.

Não é fácil sair da nossa zona de conforto e partir rumo a experiências totalmente desconhecidas, como também não é bom seguir sempre pelos mesmos caminhos e não promover mudanças em nossas vidas. Nesse meio tempo aprendi o quanto é bom fazermos transformações, nem que seja no corte de cabelo, no estilo de roupa, ou, que seja, uma mudança para a vida inteira.

Sair de casa, por exemplo, é para muitos sinônimo de liberdade, mas será mesmo? Creio que é o contrário, nos tornamos mais presos do que antes. Quando se é jovem, tem-se muitas expectativas - e ilusões - em relação aos sonhados 18 anos de idade, ao momento de entrar para a faculdade e por aí vai, porém, não dos damos conta de que 18 anos não passa de uma idade simbólica de tempos passados, ainda mais se acompanhados da entrada na faculdade, até mesmo porque, a maioria dos jovens de classe média à alta não precisam trabalhar para se sustentarem, e assim, continuam dependendo dos pais. Outro fator importante, que mostra que ainda mantemos laços com o que deixamos para trás e não estamos nem um pouco livres, é a saudade, que aos poucos vai nos corroendo por dentro, apertando o coração e nos deixando engasgado com músicas e fotos icônicas. Entretanto, o cordão umbilical é cortado de vez e, para muitos, repentinamente - diferente do meu caso, que foi aos poucos, primeiro uma distância de 170km, com caronas praticamente diárias caso eu quisesse e familiares espalhados por toda a cidade, agora, uma distância de aproximadamente 950km, sem caronas e nem mesmo conhecidos na mesma cidade, é...pensando melhor, acho que a minha também foi um pouco repentina, só que de outra forma e já com outros pensamentos e um pouco mais de bagagem de vida, aprendizados.

Querendo ou não, ao sair de casa valorizamos mais nossa família, nossos amigos e todas as histórias que já vivemos e iremos viver. Aprendemos muito mais do que se permanecêssemos no mesmo lugar sempre, estáticos, sem ação, até mesmo porque, a maioria das histórias vivenciadas por nós, são frutos de atitudes - mais marcantes caso verdadeiras.

Além disso, amadurecemos. Mais do que somente amadurecimento, nos desenvolvemos através de responsabilidades antes não delegadas a nós, agora temos que saber equilibrar as finanças de forma que não passemos fome (mesmo que tenhamos que comer macarrão instantâneo às vezes) e também possamos nos divertir (nem que seja tomar um açaí com os amigos no final da tarde), temos que aprender a arte de equilibrar o tempo a fim de conseguir arrumar a casa, cozinhar, estudar todas as matérias e ainda dar uma saidinha no final de semana. Não posso me esquecer de um ponto primordial: saber conviver com pessoas de todos os cantos do Brasil - com as mais variadas características e criações - e com a pessoa com a qual você divide o apartamento. Porém, vou com calma, afinal, ainda não cheguei ao internato para saber como é conciliar tudo isso e ainda permanecer grande parte do tempo no hospital, subordinada a grandes profissionais e lidando com inúmeras vidas diariamente. Enfim, mais do que amadurecimento, é chegada a hora de nos tornarmos verdadeiros adultos, sair debaixo das asas dos pais e partir para o mundo com a incumbência de mostrar a todos tudo o que nossos pais nos ensinaram - e ensinam - ao londo dos anos, além do verdadeiro ser que somos/estamos construindo. Na realidade, alguns nem se importam com essa minha última opinião, talvez seja o tipo de criação, quem sabe a própria personalidade do indivíduo...mas isso fica para outro dia!

Permito-me concluir que sair de casa nos traz mais pontos positivos do que negativos, só devemos reconhecer o momento e a maneira certa para que essa atitude seja tomada, obviamente, de acordo com as opiniões dos pais. Talvez eu tenha esse pensamento porque já nasci com um instinto de liberdade e independência mais aguçado e, também, por ter ido morar fora da casa dos meus pais com 14 anos de idade recém-completados. De uma forma ou de outra, aprendi muito ao longo desses anos morando apenas nas férias com meus pais (desde o início de 2007). Obviamente, já "quebrei a cara" algumas vezes por imaturidade, já passei por crises existenciais e sentimentais, já deixei várias coisas para fazer de última hora - matando meus pais de raiva e preocupação, diga-se de passagem -, já sofri demasiado com a saudade e a falta de controle sobre meus sentimentos, já esqueci de coisas que não deveria - mais uma vez, deixando meus pais bastante irritados, e a mim também -, já tive que fazer muitas abdicações em prol de sonhos e objetivos, já deixei de sair para me divertir a fim de economizar, já fiz estrepolias e sofri consequências - algumas drásticas, por sinal -, já me estressei e irritei, xinguei e discuti por falta de aprendizagem de convivência, já gastei o dinheiro que não tinha por falta de controle ou capacidade de economia - embora eu realmente seja uma pessoa pão dura, extremamente poupadora -, e, acima de tudo, a maior certeza de todas: já deixei/e ainda deixo meus pais preocupados. Pois também aprendi que meus pais serão para sempre meus pais, de amor incondicional e com as mesmas preocupações desde quando me entendo por gente, daqueles que passarão a vida inteira te fazendo recomendações, como esse dias para trás, ao avisá-los de que estava saindo e começarem a dizer todo o discurso: "com quem você vai? (levando em consideração que nessa nova cidade eles não conhecem ninguém, mas sempre pedem as fichas completas), cuidado com as bebidas, não aceite nada de estranhos, qualquer coisa volta de táxi, quando chegar em casa liga - não manda mensagem porque pode demorar ou não chegar"...e por aí vai...ou seja, nossos pais serão para sempre nossos pais! Lamentavelmente, muitos não entendem isso, e acham que só porque não moram mais com eles não devem satisfações, respeito, honra. Sendo assim, pelo menos no início, alguns se rebelam, acham que são os donos do mundo, da verdade e da vida, e só com o passar do tempo descobrem que não funciona dessa maneira, pena que podem tê-los magoados inúmeras vezes ou descobrem de maneiras drásticas, as quais poderiam ter sido evitadas.

E assim, aquela menina nascida no interior de Goiás, mora hoje numa metrópole, na capital mineira. E, aos poucos, vai aprendendo e tentando absorver tudo o que o mundo pode lhe oferecer, sem deixar de ser quem é, sem esquecer de suas raízes ou dos ensinamentos adquiridos ao longo das experiências vividas - mesmo que poucas! -, afinal isso tem grandes contribuições para a mulher na qual está se transformando. A cada mudança, novos horizontes surgem, a visão se amplia e o mundo transcende lhe mostrando tudo aquilo que um dia sonhou e que a alma almeja para se completar. A cada passo, uma conquista, uma somatória e, simultaneamente, uma subtração, mas que fique claro: soma-se o útil e subtrai-se o inútil. E é dessa forma que eu tenho tentado viver: de maneira exponencial - ampliando tudo e aumentando os valores.

Belo Horizonte, MG



2 comentários:

  1. Talvez fosse neste momento que eu devesse dizer: BEM-VINDA AO MUNDO DE VERDADE.

    Mas, acredito que ainda existam milhares de coisas que te surpreenderão ou chamarão a atenção, que te decepcionarão ou alegrarão, e por aí vai. O mundo e a vida não começam quando completamos 18 anos de idade. Ele apenas passa a cobrar mais de nós. Mas isso você já sabe.

    Olá, Letícia. Tinha uma imagem de uma moça mais tranquila, calma, mas você é bem ativa, e o melhor, erra e acerta na proporção devida. Não se preocupe tanto com idade ou com as coisas que a vida vai te apresentando. Puramente normal e, mais adiante (lá pelos teus 30 anos de idade), você olhará para jovens de 18 ou 19 e verá que eles estão passando exatamente pelas mesmas coisas. Isso é inerente a cada geração.

    Sair de casa é algo que não são todos que digerem bem. alguns têm a ânsia de sair logo, mas assim que descobrem as dificuldades e percalços, voltam correndo. Para outros, mesmo com dificuldades, o amadurecimento vem, e com isso, a facilitação também. Só não se pode sucumbir ou esmorecer. Isso jamais.

    Já quanto aos pais... como você vem disse, eles sempre serão pais. O filho só irá compreender muitas atitudes dos pais quando ele próprio virar pai. Nessa hora é que ele colocará a mão na cabeça e, muitas vezes, se arrependerá de algumas atitudes mal tomadas no passado.

    E pra você, minha amiga, um lindo domingo. Só não vai preocupar teus pais, hein? rsrsrs.

    Bjs, Letíca.

    Marcio

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    1. E como o mundo cobra, viu?! rsrs
      Às vezes e à primeira vista, eu posso até passar a imagem de moça tranquila, mas isso realmente não passa de imagem, sou ativa até demais!
      Pode deixar, posso dizer que meus pais tiveram sabedoria ao criar os filhos, as preocupações são poucas e naturais de pais em relação aos filhos...rs
      Beijos, Marcio, e obrigada pelo carinho de sempre!

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