domingo, 7 de agosto de 2011

Análises

Embora pareça que este blog foi jogado ao vento, não é verdade. O que acontece é que mudanças ocorrem, nosso jeito de pensar muda, o que era importante ontem pode não ser hoje, o que antes era prioridade hoje é praticamente insignificante, porque, na verdade, vivemos e sobrevivemos, de acordo com o que a vida nos designa a viver. É certo que ela sempre nos apresenta opções de escolha, e a cada decisão tomada nossa vida segue por um caminho, mas, nem sempre as escolhas feitas nos levam para onde queremos ou um dia sonhamos. E, levando em consideração as escolhas a mim apresentadas e as que eu fiz, fui levada para longe do blog por um tempo. Postei pouca coisa esse ano, isso é fato, mas nunca o esqueci, sempre que entrava na internet uma das primeiras páginas visitadas era ele, o fruto do meus sentimentos, pensamentos e pausas – e que nostalgia batia, viu?! Também tem os leitores, que não deixam o blog ser esquecido.

Minha vida está diretamente relacionada ao tempo – acho que a de todos nós. Em cada fase da vida enxergamos e trabalhamos com o tempo de forma particular. Quando crianças bem pequenas, nem sabemos do que se trata. Crescemos um pouquinho e, pronto, não estamos satisfeitos com nossa idade, invejamos nossos primos e irmãos mais velhos. Quando chegamos na idade desejada com a qual sonhávamos quando crianças/pré-adolescentes, nos assustamos e, pior, percebemos que nada daquilo que pensávamos era a verdade, tudo não passou de ilusão, e o tempo agora é dividido nas horas passadas na escola e nas horas fora da escola (que incluem o início de uma vida social e os estudos um dia antes das provas – embora eu raras vezes tenha deixado pra estudar na véspera, rs). Como dizem por aí, se algo ruim te acontece, ainda pode piorar, então, nos tornamos adultos e vemos que no nosso processo de formação não tínhamos teorias a estudar sobre a vida adulta e suas consequências, nesse momento já estamos cientes de que o tempo, além de subjetivo, passa mais rápido do que esperávamos. Eu ainda estou nessa fase, mas pelo que observo, depois que crescemos ainda mais, o tempo parece ficar realmente escasso, a vida está a todo vapor e a nossa vontade é poder agarrar o tempo, nem que fosse por uns 15 minutinhos. Chegamos na casa dos 60/70 e começamos a fazer análises da vida, do que passou, já conversamos dizendo “no meu tempo”, “naquela época”, e a cada aniversário o temor aumenta, pois segundo meu avô: “não sei porque comemorar aniversário, se a cada vez estamos mais perto da morte”. Mas, talvez nada disso seja verdade, até mesmo porque, existem as exceções e o modo de enxergar a vida é particular, variando de pessoa a pessoa. De qualquer modo, a única certeza, que vem junto da certeza da morte, é a de que o tempo passa. Diante de tal fato surgem perguntas – a maioria retórica, diga-se de passagem –, em respeito ao modo que estamos levando a vida, se estamos no caminho certo e aproveitando nosso tempo de vida. Quem nunca refletiu sobre isso? Pelo menos nos finais de ano tenho certeza que essas dúvidas existem! Pode parecer que tudo o que disse até agora foi embromação, mas, não foi. Apenas quis dizer o quanto o tempo é vago e preenchido, simultaneamente. O que ocorrre é que ainda não sabemos lidar com ele, um dia estamos atrasados, no outro estamos adiantados, mais a frente lamentamos, outras vezes arrependemos, e diante disso tudo, pensamos: “seria tão bom se o tempo voltasse” ou “seria tão bom se as horas passassem logo”, ou seja, nunca estamos no tempo certo, embora as pessoas insistam em dizer às outras que “tudo tem seu tempo”. Para mim tem sido muito difícil lidar com o tempo, em todos os sentidos, a médio e a longo prazo. Nunca estou feliz com o dia de estudos, porque sempre fica aquela perturbação de que não deu tempo de estudar aquela matéria, de que a outra está atrasada, de que as listas estão acumulando e, para piorar, você tem a certeza de que é impossível resolver todas. Depois vem aquela história de idade adulta, de maioridade, o tão festejado 18 anos, que, particularmente, não gostei muito, afinal, nos meus planos, com essa idade já era para estar na faculdade, numa vida um pouco diferente da que tenho hoje. Assim, mais uma vez o tempo age sobre mim, acabando com meus planos, desfazendo minhas metas, trazendo desilusões e decepções. Muito pessimismo e desânimo? Prefiro acreditar que a realidade é assim mesmo e que a única pessoa capaz de transformá-la sou eu, um ser humano frágil e pequeno diante da imensidão de possibilidades e caminhos que é a vida. Voltando ao assunto principal, que desencadeou todas essas ideias, fui praticamente obrigada a me afastar do blog nesses últimos meses, e vocês já sabem quem me obrigou, não poderia ser diferente, né Sr. Tempo?

O tempo não foi o único fator que me afastou do blog nesse período. Confesso que algumas mudanças interiores consequentemente não me deixaram escrever muito. Muitas dúvidas me cercearam nesse último semestre, o que, na maioria das vezes, não me permitia ter naturalidade, organicidade, tranquilidade e certeza para escrever. Dúvidas sobre o que eu penso, sobre o que digo, aconselho e o que pratico, sobre autenticidade, sobre o certo e o errado, sobre o bom e o ruim e outras dúvidas maniqueístas, existenciais e filosóficas. Creio que essas dúvidas foram desencadeadas pelas sessões de análises que comecei a fazer com A psicóloga, além disso, pela lógica, como usava o blog para “despejar” meus sentimentos, pensamentos e, de certa forma, melhorar minha vida e minha mente, nas sessões com a psicóloga já fazia isso, o que diminuia um pouco a importância e a prioridade do blog na minha vida repleta de incertezas e “falta” de tempo. Uma das maiores e mais problemáticas buscas desse período foi a tentativa de ir ao encontro do meu eu interior, desfazendo-me das máscaras pelo caminho, com a certeza de que mesmo assim, no fundo, sempre vai ter aquela pontinha de dúvida me perguntando: “quem sou eu?”. O trabalho ainda não terminou e é bastante complicado e longo, por isso, ainda não estou em completo contato com meu eu interior, muito menos sei quem sou eu. Entretanto, senti que muitas transformações ocorreram perante meus olhos e dentro da minha mente, e já tenho a certeza de que a cada dia transformo-me mais e torno-me uma pessoa diferente, talvez, isso seja sintoma de maturidade. Saber enxergar a vida, compreender o máximo possível, ter calma e paciência, saber lidar com as adversidades, conseguir viver em sociedade relacionando-se bem com todos, ir em busca de respostas, respeitar limites e vontades, tentar encontrar motivos para as ações praticadas, tudo isso e muito mais, fazem parte de um trabalho profundo e incessante que todo homem deveria fazer, não precisa ir em consultórios psicológicos ou psiquiátricos, basta se perguntar o por quê das coisas e situaçoes, trabalhar mais a mente e abrir a cabeça para o novo, para o conhecimento, mas, principalmente, estar disposto e apto às transformações. Portanto, devido à maneira intensa como eu vivi no último semestre, escrever no blog ficou em segundo plano. Felizmente, com a ajuda da análise, de pessoas a minha volta e minha disposição em evoluir e melhorar, consegui retornar a um estado de espírito melhor, fui capaz de superar grandes verdades, dúvidas e problemas, não consegui voltar a ser aquela menina que criou esse blog – nem pretendia, no entanto, consegui crescer e amadurecer, o que não me impede de continuar a escrever e transmitir meus pensamentos, minhas opiniões e meus sentimentos, só que de um modo diferente de outrora – talvez nem tão diferente assim, visto que esse texto está ficando enorme, prolixo e carregado de impressões e experiências pessoais como os outros textos iniciais do blog…a verdade é que aquela menina de antes faz parte de mim e estará sempre presente na minha vida!

Acredito que por hoje já está de bom tamanho essas informações e explicações, como percebem, minha sinceridade continua a mesma, bem como minha mania de explicar tudo tim-tim por tim-tim. Apenas gostaria de esclarecer o momentâneo desamparo sofrido pelo blog, e afirmar que ele é muito importante pra mim, é parte de mim, do meu eu, e adquiriu um grande espaço na minha vida, portanto, é praticamente impossível que eu consiga me separar dele, pelo menos por enquanto, enquanto eu ainda sou essa pessoa de hoje, vai que amanhã algo mude, não é mesmo?! Pode até ser que os fatores não tenham sido só o tempo e as mudanças a nível mental, uma preguiça de escrever e pensar depois de muito estudo, ir ao cinema ao invés de me entreter na internet, enfim, como já disse, são muitas escolhas, que nos levam a diferentes caminhos…inclusive, meu plano era explicar ainda mais, mas, escolhi que por hoje chega, fica para a próxima…

Um comentário:

  1. Que dá saudade, é fato, Letícia, afinal mentes fecundas como a sua sempre são ótima companhia. Mas a gente também tem que exercer esta maravilhosa oportunidade de ser livre e para as relações fluirem saudavelmente é bom que haja respeito pelas possibilidades, disposição e limites de cada um. É e será sempre bem vinda quando puder. abraços e ótima semana.

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